“Porque é impossível a esperança sem a eventualidade do caixão”
Sociologia das Ausências. Parte deste livro é resultado da reflexão teórica e epistemológica que conduziu o autor ao projeto de investigação com o título: A reinvenção da emancipação social. Este projeto propôs estudar as alternativas à globalização neoliberal e ao capitalismo global produzidas pelos movimentos sociais e pelas organizações não governamentais na sua luta contra a exclusão e a discriminação em diferentes domínios sociais e em diferentes países. Os diferentes fatores e circunstâncias que geraram tais reflexões o levaram a três conclusões. “Em primeiro lugar, a experiência social em todo o mundo é muito mais ampla e variada do que o que a tradição científica ou filosófica ocidental conhece e considera importante. Em segundo lugar, esta riqueza social está a ser desperdiçada. É deste desperdício que se nutrem as idéias que proclamam que não há alternativa, que a história chegou ao fim e outras semelhantes. Em terceiro lugar, para combater o desperdício da experiência, para tornar visíveis as iniciativas e os movimentos alternativos e para lhes dar credibilidade, de pouco serve recorrer à ciência social tal como a conhecemos. No fim de contas, essa ciência é responsável por esconder ou desacreditar as alternativas”. Para combater o desperdício da experiência social, não basta propor um outro tipo de ciência social é necessário fazer uma crítica ao modelo de racionalidade ocidental dominante, que o autor chama de razão indolente . E assim propõe a sociologia das ausências e a sociologia das emergências, juntamente com o trabalho de tradução para desenvolver uma alternativa à razão indolente, na forma daquilo que nomeia como razão cosmopolita.
A razão indolente possui várias faces: a razão impotente, aquela que não se exerce porque pensa que nada pode fazer contra uma necessidade concebida como exterior a ela própria; a razão arrogante, que não sente necessidade de exercer-se porque se imagina incondicionalmente livre e, por conseguinte, livre da necessidade de demonstrar a sua própria liberdade; a razão metonímica, que se reivindica como a única forma de racionalidade e, por conseguinte, não se aplica a descobrir outros tipos de racionalidade ou, se o faz, fá-lo apenas para torná-las matéria-prima; e a razão proléptica, que não se aplica a pensar o futuro, porque julga que sabe tudo a respeito dele e o concebe como uma superação linear, automática e infinita do presente”.
Em conclusão, o exercício da sociologia das ausências tem lugar através de uma dimensão desconstrutiva e uma dimensão reconstrutiva. A desconstrução assume cinco formas, correspondentes à crítica a lógica da razão metonímica, ou seja, despensar, desresidualizar, desracializar, deslocalizar e desproduzir. A reconstrução é constituída pelas cinco ecologias a ecologia de saberes, ecologia de temporalidades, ecologia de reconhecimentos e ecologia de produções e distribuições sociais. Comum a todas estas ecologias é a ideia de que a realidade não pode ser reduzida ao que existe. Trata-se de uma versão ampla de realismo, que inclui as realidades ausentes por via do silenciamento, da supressão e da marginalização, isto é, as realidades que são activamente produzidas como não existentes. No mais é isso galera!!! espero que curtam o texto. Expandir o presente para contrair o futuro.
bjs saudosos
Tati
http://www.4shared.com/file/147359849/a2ac1a6b/sociologia_das_ausencias.html
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